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quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O que você faria por Carla?

Era manhã de primavera, mas algo estranho ocorria perto a o pé de ipê. Nada era mais estranho! Carlinha ficava por ali algumas vezes. Naquela manhã surpreendentemente, ela não apareceu.
O vento  passava baixo, revirava o que tinha no chão. Porém havia pedras, estas imóveis, não estavam no caminho.Ficavam bem localizadas,  mas ali testemunhando tudo.
O vento  sussurrava mais alto, parecia chamar por Carlinha. O tempo só corria e onde estaria a garota?
Algumas pessoas que passavam no caminho, não entenderam bem o estava acontecendo. Os pássaros  alinhavam-se no galho do ipê testemunhando a cena.
Um perfume se instalava no ar, percorria todo o vilarejo. A vila, mais abaixo da colina, era aconchegante, ainda tinha ares da época colonial em sua arquitetura.
A casa onde Carlinha morava por exemplo, bem rústica, chão de tijolos de barro, aberturas de madeira, nossa que por si só já eram uma história.
Mas enfim, voltamos a falar de Carlinha, ou Carla, como era seu  nome de batismo. Essa garota era um caso sério! Introspecitva, mas dona de um talento inigualável para a música.
Que bela voz tinha essa garota, se você tivesse a ouvido cantar, como eu pode ouvir, saberia do que estou falando. Mas enfim, pense na melhor cantora que você já ouviu. Então essa seria pra você a “Carla”.
Pois bem, cantava com a alma, pelos seus olhos percebia-se a pureza de seu coração,mas nem tudo era perfeito.
Em seu interior, a voz se calava. Era comum encontrá-la sozinha a contemplar o nada. Viajava mesmo. Algumas vezes a vi pertinho do pé de îpê, observando o horizonte, e sem que ela percebesse entoava seu canto. A voz afinada, ecoava pelo vale. Era como se Carla cantasse no céu, as flores do pé de ipê, os pássaros e mesmo as pedras ganhavam ainda mais beleza com uma trilha sonora.
Mas naquela manhã, foi diferente. Carla diante de seu isolamento, escondia-se, tinha medo do mundo. Como já tinha encontrado com ela, em seu diálogo quase mudo, eu percebi que algo estava errado. Suas mãos suavam, o seu rosto corava quando falava. Por isso, uma vez tentando deixa-la mais a vontade, pedi que não falasse nada, que simplismente cantasse. Pra minha surpresa uma bela canção ecoou.

Estradas que vão e vem
me levam por mil caminhos
não sei o que me detém
se os buracos ou os espinhos.
Me levam por tais lugares
que as vezes é longe, ou perto
mas não importa se demorares
pois meu destino é tao certo.
São estradas, curvas, retas
saõ as veias, corredores
que cortam o chão enfim
sigo para um lado
sigo para outro
retorno ao meu deserto
que so pertence a mim.

Quando terminou de cantar, Carla saiu correndo, chorava. Fiquei sem entender o que aconteceu, somente gritei seu nome. Achei melhor não ir atrás, por na hora entendia que seria necessário deixá-la sozinha. Me enganei!
As flores do ipê, estavam todas no chão, os pássaros velavam pela garota. Seu corpo repousara ao lado das pedras.Estava caída, palida, não espossava nenhuma reação.
Todos ficaram assustados, não entendiam nada, ou ao mesmo se perguntavam que “feitiço”, que mal tinha lhe acontecido?
Carla na sua música,  falava de caminhos, de espinhos, do destino, de seu deserto.
A beleza da sua voz não combinavam com a letra da sua música.
Que mistérios tinha a garota, quais eram os “feitiços” a recolhe-la da vida?
O que eu poderia ter feito? Se eu tivesse……., mas falhei!
** O Obejtivo deste texo é convidar você a refletir sobre as mazelas que ocorrem em nosso interior, ao nosso redor, e mesmo o que posso fazer para mudar a situação. O que posso fazer por mim e pelo outro? O que deveria ter feito por Carla? E você, o que faria por Carla?
Pense comigo. Aguardo seus comentários.
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“Anseamos demasiadamente a loucura, mas não sabemos a loucura que isso pode ser” –Anderson Tomio
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A canção que foi apresentada é na verdade um poema, de título “Estradas” ,  do mesmo autor desse mesmo texto.

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2 comentários:

  1. NOssa Anderson, fiquei imaginando quem poderia ser a "carla" entre mueus amigos ou mesmo familiares.
    Percebi a importancia do dialogo, e mais, de se reconhecer. Quanto a ajudar, uma boa conversa, e dar apoio a buscar ajuda, acredito que já fariam alguma diferença.

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  2. Oh my God! mto bom, sério msm!
    O que eu, simples mortaal posso comentar sobre esse texto MARAVILHOSO? vou tentar... rsrs'
    fiquei aqui pensando: um gesto, uma ação, pode mudar tudo... pode dar um final diferente a nossa história, a história do outro. 'Outro' esse que tantas vezes nos passa despercebido, seja pela correria do dia a dia ou simplesmente pelo fato de o ignorarmos!
    Adorei o texto, de verdade!

    P.S.: Gostei tbm da riqueza de detalhes! ;)

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