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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Vida e Morte – A Viagem

Anderson Tomio

 

O tempo

estampado nas horas, descrito nos textos,

o tempo

que acaba sendo o senhor do dia,

que não dorme com a senhora noite.

O tempo estampado em retratos amarelados,

ditos em frases, em músicas fora de moda,

o tempo.....

e nele me vejo perdido no tempo,

caminhante do espaço, filhos das horas,

inimigo dos contratempos.

Um retrato me denuncia

entrega e revela que já faz muito,

muito tempo,

que habito o mundo.

Sou mais um criador de jornadas,

lunáticas, de espaço e de tempo.

Vagueia-se, perde-se,

fujo e me desprendo de tudo,

esqueço do tempo.

Procuro por mim, não me vejo,

não me encontro.....

Do alto viajo ao encontro de mim,

me acho caído, com frio e com dor

não reconheço o local, nem mesmo as pessoas.

Hospital? Clinica?

Algo tem mudado pela cidade, não identifico onde é

sinto cansaço, sono, me entrego, durmo.

Acordo num quarto coletivo, imagino ser pela quantidade de gente

ao meu redor.

Muito branco , muita luz,

um cheiro de mel perdido no ar.

Lanço olhares à janela e vejo o gramado coberto de flores.

Pessoas caminham, sem pressa, sem tempo para controlar,

tão calmo.....me acalmo adormeço.

Me sinto pesado, ainda tonto.

Devo ter tomado remédios fortes.

Ainda bem, uma freira entra no meu quarto pergunta se estou bem.

Se posso caminhar. Achei estranho, mas é como se não sentisse minhas pernas.

Mas levantei.

Ao lado dela fui para o patio.

Enlouqueci! Onde é isso? Que lugar é esse?

Uma fazenda enorme, poucas casas, tudo bem mais calmo do que uma vila

do interior. Flores, cheiro de mel no ar.

Logo sentado a fonte, sou avisado.

Aquele meu novo lar.

Aquela minha nova vida.

Cheguei a perguntar que crime cometi, que presidio agrícola devia ser.

Nada disso!

Descobri-me morto, descobri-me vivo, em outro local, em outro plano,

numa dimensão paralela. Ultrapassei a fronteira entre a vida e a morte

Morri, mesmo estando vivo aqui.

Não verdade não morremos, agora sei. Agora vejo.

A simplicidade do ato, nascer, morrer.

Revelação de fatos. E o tempo?

Com esse não me preocupo mais.

Deixe-o  pra volta.

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imagem: luznosmomentos.blogspot.com

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