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domingo, 6 de novembro de 2011

Insonia

Anderson Tomio


Tudo foi além do que esperava
os sinais que me deste não foram vistos,
 e ousei sair na escuridão.
Caminhava sem rumo sobre a calçada de pedras,
meus pés descalços sentiam cada relevo,
que me lembrei dos vincos do tempo marcados em minha pele.
Olhei ao alto, a lua ilumina agora meu caminho
Saíra da sombra que o velho casarão fazia
Deixando cinza o chão e as paredes,
tornando opaco o brilho de qualquer olhar.
Parei, inclinei meu corpo para frente
Tocando meus tornozelos,
os pés vestiam poeira da pedra
e o pó da correria urbana
Sentei- me na calçada e silenciei.
O único barulho agora era meu coração acelerado,
Ao ritmo da respiração ofegante,
Repus meu suor, sentindo o gosto da lágrima
Que escorreu face abaixo e sutilmente tocou meus lábios.
O mundo parou!
O silencio era total,
 e um  vulto com rapidez passou em minha frente.
Era a sábia coruja que do alto da varanda
do velho casarão me observava com seus olhos
reluzentes ao brilho do luar.
Observou-me por um tempo,
E eu perdi a noção das horas,
Fiquei a contemplá-la.
Ela entendeu talvez o que eu fizera
E num gruído tímido me cumprimentou.
Pareci um tolo, mas abanei com uma das mãos
Dando sinal que tinha ouvido o seu “boa noite”
O meu pensamento foi buscar você!
Abaixei a cabeça sobre meus joelhos
E ali fiquei encolhido e quieto.
Ouvi então um grunhido mais forte que ecoou pela madrugada
E num vôo a bela coruja desapareceu.
Decidi que era hora de levantar-me e buscar meu leito,
já que o ar da noite havia-me relaxado.
Iniciei o caminho de volta, alguns cachorros
repeliam e entregavam a minha presença,
mas segui adiante.
Já em casa, suspirei frente ao portão,
por estar leve e pronto pra repousar,
mas fui surpreendido por um alto gruído, desta vez
mais inesperado que o outro.
Era a sábia coruja que guardara a madrugada
agradecendo por deixar a rua
que agora era somente dela,
em meu adormecer.

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