Entre devagar como quem não quer nada pare a espreita e
fique observando.
Não tire minha concentração neste momento de imersão,
Onde mergulho fundo ao contemplar o nada, vendo somente o
meu interior.
De raso e abstrato ao profundo e concreto, viajo dentro de
mim!
Pulsando em cada lampejo e lapso de memória o que vivi e o
que sonhara em viver antes do derradeiro suspiro.
Ah quanta coisa vejo e acabo por viajar em todos os
sentimentos e sentidos, sentindo em minhas narinas o cheiro da manhã de chuva.
Umedeço os olhos como se cada gota de chuva estivesse a
lavar meu rosto e o sonho se torna cada vez mais real, trazendo à tona todo o
sentimento e experiência que já pude contemplar.
A vida é maravilhosa!
Venha! Saia deste canto e senta-se a sala comigo.
Vamos conversar!
Preparei o melhor doce que pude e caprichei no ponto do
café, espero ter acertado!
Assim como um singelo gotejar de orvalho, me propus de forma
sutil dar um encanto a nossa conversa.
Falar da vida, olhar o que passou e suspirar pelo que pode vir, ter os pés no chão, mas em alguns momentos flutuar com sutileza, sem desgrudar
de vez de onde se está.
Oh tempo! E da alvorada ao anoitecer o espaço dos
acontecimentos.
De poucos, de muitos, e do lugar onde a estática só observa
querendo chegar mas não consegue.
E o que íamos falando mesmo?
O tempo passa e com ele nossa conversa flui tal como vento
pelas frestas e as aguas pelos rios, tudo se vai e tem seu curso e a palavra finda.
O som encontra o silêncio, o dia encontra a noite, sol
encontra a chuva e a vida encontra a morte.
O espaço entre dois é feito de encontros.
E então as pessoas se encontram e reencontram, mas não encontram ou reencontram o momento, o espaço do ar se rompe, e somos o plástico bolha, estaremos ali, mas sem o ar, nossa função se foi.
A ausência de espaço é despedida!
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