Anderson Tomio
Por vezes deixei escapar o perfume de minha alma,
Por vezes perdi no tempo o que há dos meus fragmentos,
Por vezes fechei meus olhos no querendo ver o que deixei e
os mantive fechado por medo de ver o que podia vir,
Por vezes! Por tantas delas!
Por vezes deixei que o som da minha voz ecoasse somente
dentro de mim e por vezes quando me permiti falar, falei baixinho para que ninguém
me ouvisse.
Por vezes! Por tantas delas!
Fechei minhas mãos com toda força possível querendo segurar
o que pouco restou de uma história, mas tudo se perdeu por entre os dedos.
Por vezes busquei o banho, e tive na a agua do chuveiro e o
disfarce para minhas lágrimas.
Por vezes me tranquei em meu quarto querendo me isolar e
fugir do mundo, sem saber que eu entrava no meu mundo e mergulhava em mim.
Por vezes! Por tantas delas!
Por vezes permaneci no escuro buscando refugio para me
esconder, acender a luz era me desnudar não só a pele, mas todos os meus
sentimentos.
Por vezes me encolhi, entrei debaixo de minha cama como quem
entra em um esconderijo, um bunker buscando todo o abrigo e proteção.
Por vezes! Por tantas delas!
Por vezes conversei comigo e chorava ouvindo meus dramas,
mas sendo incapaz de aconselhar o meu que ali desabafava.
Por vezes me perdi em mim, querendo ser o que as pessoas
queriam que eu fosse, mas nunca fui.
Por vezes o tom de voz mudou querendo ser firme e dono se
si, impondo uma personalidade e firmeza que até então não existia.
Por vezes! Por tantas vezes!
Por vezes olhei somente para mim, meus problemas, meu mundo,
meus dilemas, minha bolha, acreditando ser o pior de todos humanos.
Por vezes, me vi no fio de quem corta o laço e abre a caixa,
mas eu cortaria o laço da vida, sem saber o que haveria dentro da caixa.
Por vezes, por tantas vezes, perdi tudo que sou um resumo
que só restava o ponto, e era eu. Ponto final ou ponto de partida, mas eu era o
ponto.
Por vezes! Por tantas delas!
Por vezes e por tantas delas me encolhi feito mola,
silenciei mais que o vento, me escondi como uma sombra no escuro, mas sentia o
pulso, o meu “in-pulso” e por uma vez, a decisiva delas, decidi ser eu.
Por vezes, por tantas vezes, hoje confio em mim, me olho no
espelho e sei quem sou e meu mundo tem portas, abri mais janelas e ecoei.
E o in, agora pulso, o in o então tenso, agora in-tenso de
viver.
Viver! Pulsar! Intenso! Por vezes! Por tantas delas!
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