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segunda-feira, 24 de maio de 2021

Por vezes! Por tantas delas!

 


Anderson Tomio


Por vezes deixei escapar o perfume de minha alma,

Por vezes perdi no tempo o que há dos meus fragmentos,

Por vezes fechei meus olhos no querendo ver o que deixei e os mantive fechado por medo de ver o que podia vir,

Por vezes! Por tantas delas!

Por vezes deixei que o som da minha voz ecoasse somente dentro de mim e por vezes quando me permiti falar, falei baixinho para que ninguém me ouvisse.

Por vezes! Por tantas delas!

Fechei minhas mãos com toda força possível querendo segurar o que pouco restou de uma história, mas tudo se perdeu por entre os dedos.

Por vezes busquei o banho, e tive na a agua do chuveiro e o disfarce para minhas lágrimas.

Por vezes me tranquei em meu quarto querendo me isolar e fugir do mundo, sem saber que eu entrava no meu mundo e mergulhava em mim.

Por vezes! Por tantas delas!

Por vezes permaneci no escuro buscando refugio para me esconder, acender a luz era me desnudar não só a pele, mas todos os meus sentimentos.

Por vezes me encolhi, entrei debaixo de minha cama como quem entra em um esconderijo, um bunker buscando todo o abrigo e proteção.

Por vezes! Por tantas delas!

Por vezes conversei comigo e chorava ouvindo meus dramas, mas sendo incapaz de aconselhar o meu que ali desabafava.

Por vezes me perdi em mim, querendo ser o que as pessoas queriam que eu fosse, mas nunca fui.

Por vezes o tom de voz mudou querendo ser firme e dono se si, impondo uma personalidade e firmeza que até então não existia.

Por vezes! Por tantas vezes!

Por vezes olhei somente para mim, meus problemas, meu mundo, meus dilemas, minha bolha, acreditando ser o pior de todos humanos.

Por vezes, me vi no fio de quem corta o laço e abre a caixa, mas eu cortaria o laço da vida, sem saber o que haveria dentro da caixa.

Por vezes, por tantas vezes, perdi tudo que sou um resumo que só restava o ponto, e era eu. Ponto final ou ponto de partida, mas eu era o ponto.

Por vezes! Por tantas delas!

Por vezes e por tantas delas me encolhi feito mola, silenciei mais que o vento, me escondi como uma sombra no escuro, mas sentia o pulso, o meu “in-pulso” e por uma vez, a decisiva delas, decidi ser eu.

Por vezes, por tantas vezes, hoje confio em mim, me olho no espelho e sei quem sou e meu mundo tem portas, abri mais janelas e ecoei.

E o in, agora pulso, o in o então tenso, agora in-tenso de viver.

Viver! Pulsar! Intenso! Por vezes! Por tantas delas!