Anderson Tomio
Ando como se tivesse vindo de um lugar que não sei,
Caminho para alguma parte do mundo que não fui,
Busco algo que pode ser aqui ou lá, e vago.
Sento na beira do caminho e não de cansaço, mas de
contemplação.
Os olhos me apontam o que há a frente e deito.
Estico meu corpo ali mesmo sobre o pedregulho da estrada,
fecho os olhos e viajo.
Ouço ao longe o canto de pássaros e bem perto, rodas de uma
carroça,
Está aqui! Grita alguém com folego ofegante.
Demoro por mais uns instantes em abrir meus olhos, apenas
sentindo o vento sobre meu corpo
e a sombra que se faz agora por que me observa.
Oi você está bem? Precisa de ajuda?
Levanto parte do meu corpo, mas permaneço ali sentado no
chão de areia, olho acima,
e um sorriso me recebe com todas as boas-vindas.
Uma garrafa de água fresca me é colocada nas mãos, “_vamos
beba, você vai ficar bem! ”
E me pergunto, o que é ficar bem?
E meu momento só e contemplativo, me vi pequeno deitado em
uma parte deste vasto e enorme mundo, mas eu ocupo uma parte dele.
O sorriso me veio como boas vindas, a água como bálsamo e
não posso negar, me senti bem!
A voz doce do pequeno ser que já corria a minha frente
dizia,
“_Vem! Corra! venha sentir o vento...”
Levantei e de pé pude ver a imensidão ao meu redor, tudo
havia se transformado, o ar era leve e fresco, o sol morninho em um calorzinho que
aquecia o coração feito de um abraço,
Me senti pleno!
Era preciso um sorriso e um gole de água para eu perceber
que tudo pode estar bem, que eu posso ficar de pé e ver a beleza do mundo que me cerca.
O ser sorridente se foi....eu contemplativo fiquei!
Senti apenas o eco das suas palavras em meu pensamento, “
vem corra, venha sentir o vento”.
Foi aí que me dei conta de tantas belezas, a minha, a do
mundo e da vida.
Pisei lentamente saindo devagar do lugar onde eu estava,
senti o pedregulho estalar sob as solas de meu calçado. Era como desbravar,
sentir o estalar, o barulho de algo novo sendo usado pela primeira vez, como se
fosse a primeira batidinha entre o pires e a xícara naquele jogo de café que
comprei, mas que só adornavam os armários.
Momento de rara beleza!
O simples, ouvir o barulho da
estrada, lembrar do pires e da xícara em um gole do gostoso café. Despertei!
Os passos se tornaram constantes, o som do pedregulho foi
ficando baixinho, o som que aumentava era de meu coração, sentia o vento, o
mundo e a vida, que se manifesta correndo nas veias.
O coração pulsa e a vida
segue!
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Imagem:
http://conexaocicloturismo.blogspot.com.br/2014/02/mairipora-monte-verde-camanducaia.html
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