Anderson Tomio
A música embala os pensares, tantos deles,
vago e viajo num conjunto de notas,
as vezes as mais graves, outras mais agudas,
todas tocas, soam, me levam,
com elas viajo, vou ao meu interior,
nele minha consciência dialoga comigo, me intui,
e no compasso da música surgem as palavras.
Vem como relâmpago, preciso escrever,
e escrever, e escrever, não posso perder,
nem uma, nem o fio, nem minha voz interior.
A mente dança freneticamente, me diz muito,
e ouvindo minha voz interior, escrevo.
Coloco aqui todas, não ouso em trocá-las,
sou logo advertido e a minha voz interior me diz,
pra deixar como está.
Processo louco, que poucos entendem,
se assemelha a abrir uma torneira
tem que ser rápido pra por a água no copo,
se não ela desce pia, cano adentro e já era.
Se fechar, não é mais a mesma água que vai sair,
não tem como moldar, tem que ser esta, é única.
E minha mente fica assim, ouve a música,
escreve e lê ao mesmo tempo, mas não pensa,
só escuta o que vem do interior, e joga,
na tela à digitar, ou no papel à escrever.
Insano processo de criar, de compor,
de se doar nas palavras.
Torná-las únicas, belas e sutis
para te tocar, para te fazer pensar em meu pensamento.
Sim, pensar em meu pensamento,
não penso quando escrevo, deixo apenas fluir,
penso depois quando leio o resultado,
e aprecio minhas palavras, ou não tão minhas,
mas de meu corpo escrivão e minha alma
que dita-me cada sílaba, verso e linha,
numa doação de amor.
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Escrita em 17/09/2010- 00:18 h – ao som de Marrakesh – by Lorena McKennitt
Edição de imagem:AndersonTomio
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Imagem: mente:esde2010.wordpress.com
Sou sua centésima primeira seguidora e coincidentemente meu primeiro livro chama-se cento e um poemas.
ResponderExcluirPelo jeito partilhamos a mesma paixão pela música e pelas palavras.
Abç
Rossana
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEliane F.C.Lima disse...
ResponderExcluirAnderson,
Vim aqui retribuir sua visita e me alegrei com o que vi, gente jovem gostando de e fazendo poesia. Desse modo, minha esperança no futuro sempre se reacende.
Também já fiz dois poemas, ouvindo canções inspiradoras. Estão nesses endereços.
http://poemavida.blogspot.com/2009/12/ao-som-de-bound-for-infinity_27.html
http://poemavida.blogspot.com/2009/12/ao-som-de-bound-for-infinity_27.html.
Parabéns pelo blogue e pelo texto.
Eliane F.C.Lima (http://conto-gotas.blogspot.com)
Nunca escrevi ao som de nada tão especial. Espero que um dia aconteça e com um resultado tão maravilhoso quanto esse.
ResponderExcluirParabéns!
Deixa a torneira aberta sempre com um copo debaixo da boca... não deixe desperdiçar nada! E depois, mesmo que se corra o risco de ser visto como louco ou incompreendido, estenda no parapeito da janela, pra todos verem, a beleza que seu corpo escrivão reproduz!
ResponderExcluirMediúnico o teu processo. O meu se dá, em parte, tb assim. No entanto, gosto de reescrever, REeLABORAR a escrita, sou um tanto perfeccionista.
ResponderExcluirInteressante o teu poema, teu processo criativo. Sobretudo, quando diz acompanhar o fluxo do pensamento, sem interpretá-lo e/ou interpelá-lo. Vi, certa vez, uma entrevista com o Michael Jackson em que ele, quando perguntando a respeito do que pensava ao dançar, responde ao entrevistador o seguinte: "eu não penso coisa alguma! O maior erro de um dançarino é pensar". Ele simplesmente se entregava, portanto.
Abraço e parabéns pelo blog.